Caros amigos, Nesta primeira semana de Colombia já dá pra ter uma pequena idéia e contar umas historinhas... Como sempre, muito se ouve no Brasil sobre a Colombia, o problema de narcotráfico e guerrilhas, mas nada se fala sobre o povo honesto e trabalhador que existe aqui, como em qualquer lugar. Nós brasileiros talvez estejamos na melhor posição para desenvolver um senso crítico e tirar da cabeça de uma vez por todas qualquer tipo de preconceito (ou pré-conceito) que fazemos das coisas, pessoas e países. Digo isto, porque, ao mesmo tempo que pensamos que vamos chegar na Colombia e ver pessoas se drogando e bombas explodindo, cenas de guerra, etc... ficamos chocados em ver que americanos e europeus pensam que existem cobras e macacos nas ruas de São Paulo. Ou seja, depois de sofrermos o preconceito, deve-se pensar 2 vezes antes de formar opiniões sobre o que não é conhecido. De fato, eu nunca pensei que isto aqui fosse selva. Afinal de contas, qualquer cidade com 8 milhões de habitantes, como Bogotá, não pode ser selva... Bogotá é uma cidade interessante. Ruas bem organizadas, numeradas em ordem crescente (de norte a sul, e de leste a oeste), de modo que qualquer americano andaria aqui facilmente. Ou mesmo os cariocas, porque aqui também se usa as montanhas como referência. Ninguém aqui esconde o problema das guerrilhas, narcotráfico ou paramilitarismo, o que na minha primeira impressão é um PCC ou um Comando Vermelho mais bem organizado e mais rico, afinal de contas são sustentados pelo infindável dinheiro do narcotráfico. Mas está claro também que isso é um problema deles, e estão lutando para resolver, e se sentem visivelmente ofendidos ao ver que um estrangeiro faz comentários, emite opiniões ou mesmo brinca com o tema. Afinal de contas, o mundo inteiro os observa com os olhos preconceituosos de quem acha que todo colombiano é traficante por definição. E quem acha que Bogotá vive em clima de guerra, por favor dê uma volta no Capão Redondo ou no Parque Santo Antônio aí em São Paulo, ou em Belford Roxo/Nova Iguaçu no Rio, antes de falar qualquer coisa. Muito pelo contrário, as pessoas são amáveis e amigas, sempre gentis e dispostas a ajudar aos outros, sejam estrangeiros ou não. É verdade que em muitos lugares se vê o exército nas ruas, todos armados até os dentes. Mas com o tempo você se acostuma. Afinal, eles estão aí para proteger, e se você não deve nada, não há o que temer. E o povo é bem consciente disso. Alguns comentários e curiosidades que notamos....: É impressionante a quantidade de mulheres no mercado de trabalho aqui. E não só em atividades operacionais, mas também em altos cargos executivos. Para se ter exemplo, nosso cliente aqui (um banco) tem 3 vice-presidências, sendo que 2 delas (Comercial e Tecnologia/Operações) são exercidas por mulheres. Muitas outras são vistas em cargos de gerência média em áreas como informática e contabilidade, as quais não sei porquê são dominadas por homens em outros lugares. Definitivamente, daria pra fazer uma tese de sociologia sobre a participação da mulher.
Domingo à tarde, fomos ao estádio El Campín, assistir uma partida de futebol entre o Santa Fé de Bogotá x Nacional de Medellín (afinal de contas, brasileiros e argentinos não resistem a futebol....). Outra surpresa agradável. Para quem esperava ver um estádio grotesco, imundo, com gente feia, multidões se acotovelando para comprar ingressos e o famoso churrasquinho de gato, não vimos nada disso. Cerca de 30 mil pessoas, homens, mulheres e crianças, num clima de festa e torcida impressionante. De cada um dos lados, via-se as torcidas empurrarem seus times, cantando o tempo todo (como os argentinos fazem), muito papel picado, muita festa e cores. O estádio? Modesto, porém limpo e organizado, assentos individuais e banheiros de dar inveja ao Morumbi e Pacaembu. A saída depois do jogo? Civilizada, as duas torcidas se encontravam nas ruas, e não se percebia nenhum clima de agressividade. Definitivamente, o Brasil tem muito o que aprender. |
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Directo de Colombia...(texto escrito em Maio/2001)
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